… de Setembro de 2013
Comer com Pauzinhos
“Macacos com agulhas de tricô não teriam parecido mais ridículos do que nós, comentou um dos elementos de um grupo de americanos de visita à China, em 1819.”
Olá!
Emprestaram-me um livro delicioso: A história da invenção na cozinha, da britânica Bee Wilson. A frase de cima pertence-lhe e o livro vai servindo de inspiração para as minhas primeiras consultas gastronómicas neste querido blogue, pequenas reflexões decoradas com sentimentos agridoces, que entrarão pelos vossos paladares adentro, ciberneticamente apenas, claro, enquanto houver tema de conversa e vontade de todos os lados. Boa? Boa.
Não tenho nada contra os macacos tricoteiros e tenho a certeza que mais depressa um macaco aprenderia a tricotar do que eu a comer com pauzinhos. Detesto. Não tenho jeito nenhum, não gosto. No entanto, gosto bastante de ir ou de mandar vir do chinês (excetua-se o arroz, porque o meu é muito melhor do que o arroz insípido dos restaurantes chineses que já experimentei). E estou a adorar a comida japonesa que vou provando. Verdade. Agora, irrita-me bastante quando, sentada à mesa de um restaurante asiático, peço talheres e o empregado me responde com um olhar de desdém ou, pelo contrário, pleno de compaixão, por vezes retorquindo: - Tem a certeza? Não gostaria de experimentar? Posso trazer-lhe uns pauzinhos de principiante, com elástico… É muito simples. Brrrrr, fico piursa. Respiro fundo, como que meditando sobre o assunto e insisto, perentoriamente, com o empregado: - Por favor, traga-me talheres: garfo e faca. E uma colher. Obrigada.
É o que sinto, desculpem-me os aficionados. Admiro-os quando manejam com destreza “as agulhas de tricô”. Consta no livro da Bee Wilson que, socialmente falando, os pauzinhos são mais pacíficos e harmoniosos que o garfo e a faca, essa esquartejadora de alimentos que não devia aparecer em público. Bom, sendo assim, gosto de ser descarada, pronto. E até corto com jeitinho, antecipando o prazer que me vai dar saborear aquele pedaço da salmon party!... Se não fosse a faca, teria de engolir um grande naco, correndo o risco de me engasgar ou de engolir sem mastigar!...
Cada macaco no seu galho. Enquanto puder, pelo menos nos restaurantes e nas casas situadas no Ocidente, comerei com faca e garfo, tenham paciência…
Já agora, até se pode comer sardinhas com pauzinhos, né? Eu prefiro-as no pão saloio, à mão, acompanhadas de uma colorida salada de pimentos, à garfada!
Até ao próximo sabor, nesta nossa cozinha sentimental, vivam bem, comam melhor!
Sissi
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