Qual é coisa qual é ela
“Cortar lenha, esventrar e escalar peixe, picar legumes, cortar carne, esmagar alho (com o lado rombo da lâmina), cortar as unhas, afiar lápis, esculpir pauzinhos, matar porcos, fazer a barba (se for mantida suficientemente afiada) e saldar novas e velhas contas com os amigos.”
Olá!
Conforme referido no meu primeiro desvario literário, há cerca de um mês, neste querido blogue, volto a colher inspiração no livro de Bee Wilson, A história da invenção na cozinha. A autora foi buscar este pedacinho de texto que pus aqui em cima às considerações de um antropólogo especialista na China. E.N. Anderson explicou à Bee que o cutelo é um exemplo perfeito do princípio «minimax»: utilização máxima para um mínimo de custo e de esforço.
Três considerações muito rápidas.
A primeira: É, chinês, este multi-utensílio que se chama, originalmente, tou, e que serve para cortar a torto e a direito, à fartazana, sem preocupações éticas, higiénicas, sem quaisquer pruridos de etiqueta social e/ou gastronómica. Pois, os chineses inventaram os pauzinhos para comerem muito delicadamente, para inglês ver, o produto do estropiado nos bastidores, fosse ele porco, peixe, alho ou… !??
A segunda: apenas para sublinhar que a primeira consideração não é propriamente uma consideração, mas um extrapolação irrefletida de uma mente imaginativa e insegura (aos poucos vocês vão ficando a conhecer-me: sou insegura, pronto. Sou.). Provavelmente, há pessoas que não usam o cutelo para fazer aquilo tudo! Nã…!?...
A terceira: muito bem. Multifunções para o cutelo e tal, corta, esfola e põe na mesa, tudo muito rápida e agilmente que a malta está esfomeada. Agora, saldar contas com os amigos? Com os amigos comemos, lavamos, esfregamos, desentupimos, choramos e rimos. Com os amigos cortamos na casaca, mas não fazemos strogonoff com eles! Senão não eram amigos (dahhh).
Moral da história: cutelo e canivete suíço, Oriente e Ocidente juntos na minimização de esforços e custos a bem do desenvolvimento económico mundial. Ora bem, negócio é negócio, amigos à parte.
Eu cá não os dispenso. Aos amigos, claro.
Até ao próximo sabor, nesta nossa cozinha sentimental, vivam bem, comam melhor!
Sissi
Sem comentários:
Enviar um comentário