Este projecto nasce com uma forte amizade que já dura para lá dos 10 anos, na altura jovens imberbes com aptidão para a cozinha. Contudo, a amizade cresceu, o gosto pelos cozinhados também, e cresceram também os quilos que a balança teima e mostrar. Numa das muitas e longas conversas que ao longo de todo este tempo foram tendo lugar mais ou menos com a mesma regularidade surge a ideia de criar um projecto. Inicialmente a ideia passava por algo diferente, o Miguel desde cedo teve o gosto pelos livros ao passo que o André por seu lado, a sua grande paixão sempre foi o vinho. Jovens e inocentes, cheios de sonhos e projectos, sempre pensaram em abrir uma livraria-café/bar onde os clientes pudessem entrar, sentar olhar a vista sobre o rio (Tejo ou Douro), pedir um copo de vinho e ler um pouco. Com o passar dos anos o projecto foi ficando na gaveta à espera da altura certa, sem nunca sabermos bem quando esta iria chegar, se é que vai chegar e deixar de ser um projecto/sonho. É graças a grande amizade existente que os dois vão partilhando confidências, desabafos e até receitas. A ultima das quais, é a do bolo de maçã. O André experimentou esta receita e partilhou-a com o Miguel, ele resolveu experimenta-la e adorou-a, ele e toda a gente que a provou. Assim, numa daquelas conversas pelo telefone, sonharam com o lançamento de um livro de receitas, mas no imediato o blog é o mais fácil de conseguir. Talvez um dia este blog saía da Web e ganhe a consistência física do papel.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Estigma dos Vinhos Velhos - André

Para muitos, os vinhos com mais idade são vinhos estragados ou com defeito. E se não for bem assim? Quem disse que um vinho com 10 ou 15 anos está estragado? Pois em boa verdade, a maior parte dos vinhos não aguentam tantos anos em garrafa para serem bebidos. Contudo existe uma pequena parte que aguenta bem todos esses anos, chegando alguns a melhorar substancialmente.

Se dissermos que os vinhos tintos velhos existem para um nicho de mercado, o que havemos de dizer de um branco com mais de 5 anos? Pois bem, diz-se por ai que os brancos querem-se jovens… e é verdade. No entanto, existem muitos brancos que podem aguentar bastantes anos em garrafa. Há um conjunto de fatores que conjugados, permitem guardar os vinhos alguns anos. Todos nós sabemos que os vinhos brancos fermentados em madeira duram um pouco mais, alias em muitos casos estes saem para o mercado até mais tarde que os branco que fermentam em inox.

Mas será este o único caso que dá longevidade ao néctar? Falemos das castas então: todos nós já ouvimos também falar de histórias de Alvarinhos com mais de 10 anos que estavam no seu auge. Também se fala do potencial imenso da casta encruzado. Para mim outro dos fatores que devemos tem em conta para além das ótimas condições de armazenamento, é o acaso… assim como existem vinhos novos que se apresentam no mercado com defeito por obra do acaso. Também existem felizes coincidências de vinhos que se conservam e bem.

Tomaremos como exemplo o Quinta dos Roques Encruzado 2008. Um vinho que guardo na garrafeira há uns anos e que chegou a hora de o provar. Apresenta-se com notas secundárias e terciarias ainda com alguma frescura, na boca mostra ainda um bom corpo, cheio e ate algo glicérido.

De salientar neste caso o tempo ajudou bastante.


3 comentários:

  1. Gostei muito desta informação.Em geral nós, as blogueiras da Culinária, não percebemos muito de Vinhos (salvo raras excepções). Pelo menos eu, aprecio um bom vinho à refeição, sei o nome de algumas castas mais conhecidas, conheço as diversas regiões vinículas do nosso país, mas de resto só sei se gosto ou se não gosto. Por isso, achei este tema muito bem escolhido e interessante. Empíricamente, sempre achei que os vinhos brancos e os verdes não se deviam guardar, que azedavam ràpidamente e no entanto, os que o marido tem guardado, regra geral fazem lembrar uma aguardente pela sua cor e têm um sabor mais requintado. Nunca reparei nas castas. Se calhar está aí o segredo! Também já nos aconteceu parecerem vinagres e eu fiquei a pensar que era da má qualidade das rolhas. Há por aí cada uma!...Bjs. Bombom

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    1. Pois de facto, um vinho branco pode ganhar alguma cor com o tempo isso será fruto de uma oxidação que se dá ao longo do tempo. A rolha apresenta alguma porosidade, umas mais que outras naturalmente, o que permite que haja entrada de pequenas quantidades de oxigénio no vinho. É por esse motivo que o vinho oxida. Mas poderá perguntar se a oxidação é uma coisa boa. A resposta é, depende do tipo de oxidação. Se esta se dá lentamente através da rolha ou quando os vinhos estão em barrica (pipa), essa é uma oxidação boa, porque permite ao vinho evoluir. Mas se por outro lado a oxigenação é súbita, quando abrimos uma garrafa, ou quando a deixamos aberta de um dia para o outro isso poderá não ser bom. Chamo ainda atenção para o facto de em alguns vinhos a oxidação (também chamado o processo de respirar) poder acontecer de um dia para o outro (durante varias horas), mas nestes casos estamos a falar de vinhos muito fechado e concentrados, como se diz na gira. Esta temática pode parecer muito complicada, mas com o tempo e muitas provas, a sensibilidade para o vinho começa aflorar. Mais hoje em dia, existem imensos workshops de vinho que se podem fazer que ajudam a descobrir o vinho. Outra dica que deixo é frequentarem as provas que muitas garrafeiras promovem, regra geral tem pessoal especializado que podem ajudar. Lembro que ninguém nasce ensinado e isto é mesmo uma questão de treino. O importante é gostar de vinho tudo o resto vem com a experiência.

      Bjs André

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  2. André, muito obrigada pela sua atenção e pela explicação.
    fiquei muito grata. Bjs. Bombom

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